“Heal” é um aplicativo para smartphone semelhante ao serviço de carros sob demanda Uber, mas, em vez de um carro, é um médico que aparece à sua porta. Os usuários baixam o aplicativo e então digitam alguns detalhes como endereço e o motivo da visita. Depois de adicionar um cartão de crédito e um pedido por um clínico geral ou pediatra, o médico chega de 20 a 60 minutos por uma taxa fixa de US$ 99. O “Heal” começou em Los Angeles em fevereiro, recentemente se expandiu para San Francisco e deve ser lançado em outras 15 cidades grandes dos EUA neste ano. Os médicos do “Heal” ficam de plantão das 8h às 20h, sete dias por semana, disse Renee Dua, fundadora e diretora médica do “Heal”.
Os médicos do “Heal” chegam com um assistente e um kit contendo os últimos equipamentos de saúde de alta tecnologia, entre eles as ferramentas necessárias para medir os sinais vitais ou gravar um vídeo de alta definição do tímpano do paciente. O “Heal” tem uma lista de médicos filiados a hospitais e programas respeitados como o da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, Columbia e Stanford.
“Estamos trazendo de volta métodos antigos com a mais nova tecnologia”, disse Dua.
Obviamente, os médicos do “Heal” oferecem serviços limitados a domicílio. Entre outras coisas, eles podem diagnosticar e tratar doenças moderadas como bronquite, dar vacinas contra a gripe, suturar um corte feio ou receitar algum remédio (eles mesmos buscam o remédio por um adicional de US$ 19). Mas o paciente tem de apresentar a documentação do plano de saúde.
“A saúde de fato começa em casa”, disse o médico Janani Krishnaswami enquanto conversávamos na mesa de jantar da minha casa em Oakland, Califórnia, depois que eu a chamei usando o aplicativo “Heal” em meu iPhone. “Ao ver uma pessoa onde ela mora, posso ver como é a vida dela, o que está comendo, como está vivendo, o que a está deixando estressada. Posso passar o tempo que precisar com ela, o que é cada vez mais difícil fazer no nosso atual sistema médico.”
Um serviço semelhante, chamado “Pager”, está disponível na cidade de Nova York. (O cofundador do “Pager” Oscar Salazar também fez parte da equipe que criou o Uber.) A primeira visita domiciliar custa US$ 50. Visitas regulares custam US$ 200, e um exame clínico sai por U$ 100. O “Go2Nurse” envia uma enfermeira para casas em Chicago e em Milwaukee e oferece cuidados domiciliares na gravidez, ajuda com recém-nascidos, cuidados com idosos e atendimento especializado para pacientes com Alzheimer e Parkinson, entre outros serviços. O “Curbside Care” oferece atendimento domiciliar na região da Filadélfia com profissionais de enfermagem e médicos.
Para aqueles que querem uma consulta, mas não precisam que o médico ou enfermeiro vá até suas casas, uma série de novos aplicativos cria uma visita domiciliar virtual. A American Telemedicine Association estima que quase 1 milhão de pessoas se consultarão com um médico via webcam em 2015 e, só na semana passada, a maior seguradora do país, a United HealthCare, anunciou planos para cobrir consultas médicas à distância.
Um dos aplicativos mais populares é o “Doctor on Demand”, com sede em Chicago, que é apoiado pelo Google e pela celebridade televisiva Phil McGraw. O aplicativo, que oferece acesso a 1.400 médicos certificados, foi baixado alguns milhões de vezes desde que foi lançado no final de 2013. Por US$ 40, um médico ou pediatra atende o paciente via vídeo online. A empresa adicionou recentemente consultas psicológicas via webcam (US$ 50 por 25 minutos; US$ 95 por 50 minutos) e consultoria de lactação (US$ 40 a US$ 70) em sua lista de serviços.
“Há um problema enorme de acesso ao atendimento básico de saúde nos EUA”, diz Adam Jackson, fundador e executivo-chefe da “Doctor on Demand”. “O tempo médio de espera para uma consulta médica é de 20 dias. As pessoas realmente querem e precisam de algo mais rápido, e agora temos a tecnologia de ambos os lados para proporcionar isso.”
Jackson diz que as consultas do “Doctor on Demand” diagnosticam e tratam 95% das pessoas que chamam o serviço; as outras 5% são encaminhadas para especialistas.
O paciente típico é uma mãe que trabalha e tem filhos e busca uma ajuda rápida para doenças comuns. Eu decidi usar o serviço há alguns meses depois que minha filha tinha sido atendida no pronto-socorro por causa de um nariz quebrado (um cavalo assustado bateu em seu rosto). Uma vez que chegamos em casa, eu precisava de mais orientação, então eu arranjei uma consulta de 15 minutos à distância com um pediatra, que respondeu todas as minhas perguntas e me poupou de outra ida ao pronto-socorro.
Outros serviços de telemedicina incluem o “Teladoc”, um dos pioneiros no campo, e “MDLIve”, que se juntou ao “Walgreens” para consultas via vídeo ou telefone. A American Well oferece consultas online por US$ 49. O aplicativo “Spruce” se destaca por oferecer consultas de vídeo para problemas dermatológicos, como picadas de insetos e erupções cutâneas. O “HealthTap” permite aos usuários fazerem perguntas médicas em seu site ou conversar em vídeo com os médicos por US$ 99 por mês.
Alguns serviços de consulta médica não são oferecidos no Alasca, em Arkansas e na Louisiana, onde os reguladores estatais impõem várias restrições aos serviços de telemedicina. O Conselho Médico do Texas também votou para restringir a prática no Estado.